coluna claudemir pereira

Sobre a tal 'velha' política e quem se arvora em ser praticante da 'nova'

Claudemir Pereira

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Foto: Renan Mattos (Diário)

Confira com o escriba as seis situações, relativas a candidatos a prefeito de uma cidade no coração do Rio Grande do Sul, com lindos montes ao redor e que se digna (para lá de justificadamente) a alçar-se como cidade cultura, da educação e coisa e tal. 

  • Candidato A - Militante há um tempão, com pelo menos dois mandatos de vereador.
  • Candidato B - Funções relevantes no Executivo em pelo menos dois governos, destacada e longeva atuação na Câmara, além de ser militante político em tempo (quase) integral.
  • Candidato C - Afastado há algum tempo, mas já concorreu a cargo majoritário, além de ter sido cargo de confiança em governo estadual, por indicação partidária.
  • Candidato D - Pelo menos uma vez já concorreu em eleição majoritária e teve cargo de confiança regional e estadual em pelo menos dois governos, sempre por indicação de partidos.
  • Candidato E - Inúmeras vezes candidato e há décadas com mandato legitimamente conferido pelo povo, sem falar nas funções (sempre e corretamente exaltadas) no Executivo.
  • Candidato F - Mandatos locais e estaduais, no Legislativo e no Executivo, funções de confiança também regionais e municipal, há pelo menos 20 anos atuando politicamente.

Feitas as considerações, não deve ser muito difícil ao leitor identificar, nos seis concorrentes supracitados, correspondência direta com todos os candidatos a prefeito e que se postam à disposição e sob o escrutínio do eleitorado da Boca do Monte, como se apresentaram ao debate realizado na segunda-feira.

Propostas e leves alfinetadas: como foi o primeiro debate entre os candidatos a prefeito de Santa Maria

Todos eles com seus defeitos e virtudes, e certamente haverá, sempre há, por parte do eleitor, a escolha que este entender mais adequada para chefiar o Executivo santa-mariense pelos próximos quatro anos, a contar de 1º de janeiro.

Além do legítimo desejo de ser prefeito de Santa Maria, seja para estender o período, no caso de quem busca a reeleição, ou conquistar primeiro mandato, para os demais, o que é comum a todos os seis concorrentes nas urnas de 15 de novembro? A resposta está justamente na listagem (sem nominação) que abriu esse texto: todos, todoooos, são políticos de longa data.

Nenhum, para usar o dito popular, "cozinha na primeira fervura". Então, por que, raios, todos eles tentam navegar nessa hipocrisia da chamada "nova" política? Esse discurso vazio utilizado também no debate para tentar separar "honestos" de "desonestos", "bons" de "maus" apenas permite que se discrimine a política. Sim, a política. É ela que vai garantir uma cidade melhor, com condições dignas para todos os seus cidadãos.

Melhorias no atendimento primário à saúde, condições de ir e vir sem risco de tropeçar numa saliência ou cair numa reentrância, capacitar as áreas verdes, coisas comezinhas, mas fundamentais, na vida do cidadão, só são possíveis através da política. Que não tem tempo, nem idade. Muito menos deveria ser objeto de tamanha demagogia. E ponto.

Surpresa do militante e reavaliação do trololó

NOVIDADE? - Militante importante do PT santa-mariense não escondeu a surpresa com uma promessa (e como ela, se for eleito, será cumprida) feita pelo candidato Luciano Guerra, no debate da última segunda-feira.

No caso, seria a criação de um tal "Fundo de Aval Público", a ser constituído, na hipótese de vitória eleitoral, pela redução em 50% do salário do prefeito e de idêntico percentual nos cargos de confiança da prefeitura.

Diz o graúdo, literalmente: "fiquei muito preocupado com a estratégia de lançar uma ideia sem o devido debate no Diretório Municipal, nos grupos de plano de governo ou de candidatos a vereador". Ah, ao escriba deixou claro não ser necessariamente contra a proposta, mas à falta de discussão interna.

Resumo da ópera: o que foi lançado meio que de sopetão pelo petista, em pleno debate, não teria sido discutido internamente por grupo maior, nem constaria do programa registrado na Justiça Eleitoral. Mmmmm...

QUEIXAS, QUEIXAS - Já há avaliações nas principais campanhas à Prefeitura, com contestações, em determinados casos, à forma e ao conteúdo dos programas no trololó eletrônico. As queixas maiores (e talvez insanáveis) vêm dos concorrentes à vereança, relegados ao finalésimo plano, mas há também restrições e preocupações em relação a programas das candidaturas majoritárias.

De repente, a importância do "voto na legenda"
Dirigentes estaduais do MDB divulgam com insistência, nas redes sociais, um vídeo convocando o eleitor a votar "no 15". Militantes graúdos em Santa Maria reproduzem o mesmo material, invocando a necessidade de marcar o número do partido. Obviamente, se trata de campanha de redução de danos, justamente nas cidades em que a agremiação, embora grandona, não concorre a prefeito e martela, através de seus próprios candidatos à vereança, o número de partido que (no pleito proporcional) é adversário. No caso santa-mariense, o MDB grita 11 - número do cabeça da chapa majoritária, o PP.

Aliás, o MDB, se não é a primeira sigla a notar esse óbvio prejuízo - para a disputa legislativa - de não ter cabeça de chapa, é pioneiro ao menos justamente na tentativa de, sem "estragar" a aliança para a Prefeitura, chamar a atenção minimamente para seus candidatos à Câmara.

Os emedebistas estão rigorosamente certos. E os números comprovam. O PT, por exemplo, que pelo menos em Santa Maria sempre faz questão de encabeçar chapas, é historicamente beneficiado no chamado "voto na legenda". Não raro, é o "candidato mais votado" para o Legislativo.

De resto, pode apostar, ter candidato a prefeito é garantia de significativos votos na legenda, facilitando (quando não garantindo) a eleição de mais vereadores.

Para não ficar no discurso, veja como foi o voto apenas no número do partido no último pleito santa-mariense, em 2016, pela ordem de votação, dos cinco primeiros colocados: PT (3.146 votos), PSDB (2.098), PSB (1.017), PDT (834) e SD (689).

Não por acaso, todos eles tiveram candidatos a prefeito, há quatro anos. A saber: Valdeci Oliveira, Jorge Pozzobom, Fabiano Pereira, Marcelo Bisogno e Jader Maretoli. Só depois, com míseros (na comparação com pleitos anteriores) 421 votos, veio o MDB (então PMDB).

LUNETA

A REVOADA...
Nos últimos dias, pelo menos dois candidatos majoritários apresentaram sua proximidade com deputados estaduais e/ou federais. Há os que vêm aqui e passeiam pela cidade com seus afilhados. Como também tem os que vão ao encontro dos dindos, aqui, ali e alhures. Claro que é uma relação política. Mas também há consequências futuras para os dois lados e, assim, alcançando também a população eleitora.

...RUMO A 2022
Esse passeio em duas mãos, de cá pra lá, de lá pra cá, hoje parece apenas apoio político desinteressado e partidário. Pois o escriba chama a atenção do (e)leitor (se não lembrar, esse espaço mesmo se encarregará disso) para o que se terá dentro de dois anos. Observe os que vêm aqui agora, em seus partidos e confira as candidaturas NÃO lançadas a deputado por Santa Maria, em 2022. Sim, há uma relação de causa e efeito.

INDEFERIDAS
O número definitivo de candidatos à Câmara só se saberá mais adiante. Serão perto de 340. Certo mesmo (embora talvez caiba recurso) é que o Podemos está fora, com a rejeição dos cinco candidatos apresentados na convenção (invalidada) dirigida pelo (afastado pela direção estadual) ex-presidente Paulo Xavier (foto), e que propugnava apoio ao candidato Sérgio Cechin.

LETAL
A combinação desempenho no debate e o pouco impacto da propaganda no rádio e na TV é letal. Tanto que já há reuniões em horários estranhos e estratégias sendo montadas ao sabor da hora (sim, faltam só três semanas para o pleito), para tentar estancar perdas, antes da retomada do que "precisa" ser a escalada dos últimas dias. Vítimas? Por enquanto, nenhuma. Por enquanto.

PARA FECHAR!
A direção local do Partido Socialista e Liberdade (PSol) produziu uma nota no meio desta semana em que, objetivamente (apesar da ampla explicação), prega mesmo é o voto nulo para prefeito, e, claro, defende seus candidatos à vereança. A posição é legítima (embora se possa discordar dela). Pena, meeesmo, é que o PSol não tenha se apresentado, ele próprio, como alternativa para governar Santa Maria.

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